domingo, agosto 24, 2014

Confissão




As palavras abraçadas ao silêncio de uma confissão que desaparece na bruma de uma ilusão. Uma paixão declamada na solidão de uma noite, confesso que poderia ter sido diferente, diz quem sente o que não soube sentir. Um monologo a duas vozes que tantas vezes ensaiaste e eu na primeira fila aplaudia sem dizer uma única palavra, sem saber que seria o unico que recorda e agora na solidão ensaio o teu monologo, as tuas palavras na minha boca matam um pouco esta saudade.
A noite embala as memorias de um corpo só, olho a volta de um quarto vazio, cheio de memorias que me afogam, num mar revolto que não controlo, luto por sobreviver e ao mesmo tempo reviver cada momento nosso, deixo-me afogar na tormenta de saudade. Acordo na mesma cama, mantenho a tua almofada ao meu lado para poder cheirar um pouco do teu perfume cada dia até que também ele fuja.
Deixo um pedido de desculpa sussurando ao tempo, como quem nao quer despertar o passado. Tudo mudou desde que nos despedimos sem despedir, tanto mudou sem eu querer. Agarro as lembranças e memorias que conto mil vezes na demência de não deixar morrer quem já morreu